sábado, 13 de março de 2010

Uma Historia de Amor

Era a moça mais bonita do bairro, eu ainda era uma garotinha quando a conheci, a sua beleza aliada à simpatia conquistava a todos, seu nome era Heloisa, morena clara de cabelos negros, olhos castanhos, tipo minhon, vestia-se com simplicidade e elegância.

Seus padrinhos a acolheram quando pequena e lhe proporcionaram uma educação esmerada. Ela quando cresceu ficou uma espécie de governanta da casa, todos os empregados a respeitavam tratando-a por “Dona”. Angariava simpatias e também antipatias, principalmente dos vizinhos e dos rapazes do bairro por ela não dar “bola” para eles!

Conhecia o Rio de Janeiro, ia sempre com seus padrinhos na ocasião onde eles visitavam a sua filha única que estudava naquela metrópole. Em uma dessas visitas conheceu um rapaz, um bom partido ( como se dizia na época), ficaram noivos para alegria dos padrinhos , que viram assim coroado de êxito a educação dada por eles!

Na casa entre os empregados o jardineiro se destacava, pois era uma criatura despojada de qualquer atributo físico, chegava a ser grotesca sua figura, seus pés sempre descalços, mantinha a camisa sempre aberta, não para exibir o físico perfeito, muito pelo contrario,exibia um corpo atarracado, sua calça sempre amarrotada, além da feiúra tinha um defeito na boca que dificultava sua comunicação, era uma figura singular!

Todas as manhãs ele colhia a rosa mais bonita e ofertava aquela que era a musa de todos, principalmente a sua! Era horrível fisicamente mais tinha um coração pulsando forte no peito! Ele Gostava de ouvir sua voz, ficava como transportado a um mundo criado por ele, onde tudo era possível!

Os padrinhos não gostaram do jeito que ele estava tratando sua afilhada, achavam gentileza demais! O mandaram embora!

Com o dinheiro que recebeu na sua saída, comprou o que nos chamamos de “Calão” ( pau com dois cestos nas extremidades) o qual ele encheu de frutas, legumes e verduras. Foi quando se tornou um “verdureiro”, era um homem livre dono do seu próprio negocio!

Enquanto isto o enxoval de Heloisa esta sendo preparado, e o casamento marcado para dali a seis meses, casava e ia fixar residência no Rio de Janeiro a terra do noivo. Neste ínterim o jardineiro agora verdureiro, passava todos os dias na porta da sua amada na esperança de vê-la!

Passaram-se os dias.....

Ele como sempre continuava o mesmo trajeto, um dia ele notou um movimento diferente na casa, perguntou aos vizinhos o que estava acontecendo, os quais responderam que estavam preparando a casa para o casamento da moça, ele continuou a caminhar sob o peso dos cestos que nunca pesaram tanto como naquele dia!Continuou o seu trabalho, agora sem esperança, sentia-se um homem “morto”, a alegria tinha fugido do seu rosto sempre tão alegre!

Tinha passado mais de oito dias do casamento da sua Diva, um dia ao passar carregando o peso dos seus cestos que agora teimavam de ficar mais pesados ele ouviu uma voz o chamando “José!”, este era o seu nome, ele olhou e não acreditou, ficou surpreso, era ela! Ela correu ao seu encontro dizendo “Me leve daqui eu não suportarei os comentários de todo esse povo!” Ele não quis nem escutar mais nada, deixou os cestos na casa de um freguês e levou a beldade para casa de sua mãe até arranjar uma casa para ele e seu amor morar!

Realmente os vizinhos tiveram assunto para diversos dias!

Conclusão: O noivo da Heloisa chegou no dia seguinte da sua fuga com José! O motivo de seu atraso foi que o navio que ele viajava deu uma pane, retardando assim sua chegada, ele ficou muito triste,mais o remédio foi voltar e arranjar outra noiva, talvez não tão bonita como Heloisa!

Foi o destino?Foram felizes?Só Deus o sabe!

Tal qual diz a sabedoria popular “Casamento e mortalha no céu se talha” esteja certo!

Paz para todos, Celina!

6 comentários:

RENATA CORDEIRO disse...

Para esta moça, verdadeira Flor, deixo este poema*

*As flores atingem a sua “floridade” – é um milagre.

Os homens não atingem a sua humanidade – é uma pena.

Tudo que espero de vocês, homens e mulheres,

Tudo o que de vocês espero

É que alcancem a sua própria beleza, tal como as flores.

Ah! Parem de dizer que eu os quero selvagens.

Digam-me, a genciana é selvagem no tope de sua rústica haste?

Oh! Onde, em vocês, a resposta a esse azul?*

D. H Lawrence
Trad. da Renata

Beijos querida*
Renata

Sônia Silvino (CRAZY ABOUT BLOGS) disse...

Que linda história, Celina!
Bjkas, muuuitas!
Bom domingo!

Marcos Luiz N Gregorio Marcos Gregorio disse...

Realmente um relato muito interessante, mas fica aquela duvida em relaçao ao futuro, ele e ela realmente foram felizes ? qual foi o seguiento de suas vidas, para José sua felicidade era vela, ali perto presente em um mundo que talvez não fosse o dela ?.Se possivel mande futuramente o segundo ou ultimo capitulo desta interessante novela
da vida real.

poetaeusou . . . disse...

*
o amor,
é motor da vida
com amor . . .
,
conchinhas,
,
*

Caca disse...

Celina, descobri o seu blog no da Mariana e vim lhe dizer que gostei tanto que resolvi segui-lo. Este post é de uma candura admirável. Já não se fazem mais histórias de amor assim, apesar delas continuarem acontecendo. Os preconceitos continuam arraigados, porém mais velados agora de que outrora. Um abraço. Paz e bem.

RENATA CORDEIRO disse...

Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada.
Não desejo também mais nada,
só te olhar, enquanto a realidade é simples,
e isto apenas.

Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições.
O encanto que nasce das adorações serenas.

Mário de Andrade
*********
Aceitarás, querida?!!
Kiss, kiss*