terça-feira, 11 de agosto de 2009

Meus quinze anos



A minha festa de quinze anos foi um festejo "sui gêneres", não teve bolos, refrigerantes, ponches e outras iguarias que costumam ter nesses eventos.
O meu pai, cismou em festejar meu aniversário, não sei se foi um motivo para uma reunião como sempre fazia, com amigos da mesma idade, com muitas músicas e comes e bebes; eu gostei, levava uma vida sem muitas emoções.
Ele chegou em casa, participou a minha mãe, ela consentiu desde que a minha tia à ajudasse! ficou acertado que seria um almoço típico, o cardápio era completo de: Sarapatel, buchada e frango guisado para aqueles que não gostassem de "comidas pesadas", eu por exemplo. Para completar muita agulha assada na brasa, que servia como tira-gosto (peixe-agulha).
Bebidas: muito vinho, "leite de onça"(cachaça misturada com leite condensado), e batidas de maracujá.
Os convidados eram dois cantores da rádio local e mais quatro amigos deles e um dentista amigo do meu pai. De mulher tinham a minha mãe, minha tia e eu. Não precisa dizer que me achei o máximo, me senti uma princesa, rodeada de rapazes tão bonitos! O melhor ainda estava para vir! Antes do almoço já com a mesa posta, um dos cantores pegou um violão e cantou, ÚLTIMO DESEJO de Noel Rosa; e o outro me ofereceu ROSAS DE MAIO uma canção gravada pelo cantor Carlos Galhardo, não precisa dizer da minha emoção, não sabia se sorria ou chorava!
Até hoje, acho estas músicas lindas, comprei o filme de Noel, só para ver e ouvir o"último desejo".
Foi um aniversário inesquecível, tive assunto para muitos dias, matando de inveja às minhas colegas.
Não é que neste aniversário, me bateu uma saudade, fiz os meus netos pesquisarem na internet, para ver se encontravam "Rosas de Maio", depois de uma busca àrdua, encontraram na voz de um outro cantor, Orlando Silva, eles pegaram a partitura e ensaiaram, no dia do meu aniversário cantaram em dupla, a canção tão sonhada que me levou à um passado longíquo. Desta vez não foi com o violão e sim com um teclado, mais valeu e como! O meu filho queria saber da história, eu disse: Depois eu conto...

Raízes

A história que vou contar é de um amor impossível, cercado de preconceitos, principalmente social e racial.

Ela foi a moça que nós chamamos de bem criada, estudava em um dos melhores colégios da capital.
Ele, pobre, cor parda, cabelos encaracolados, só tinha à seu favor o seu trabalho bem feito. Muito tímido, mal falava, talvez não tivesse muito o que dizer. Por ser sobrinho da cozinheira, era permitido que fizesse as refeições na cozinha da casa grande.

Na região do Nordeste, imperava as leis dos "Coronéis", as suas fazendas de muitas terras, gado, plantações, eram verdadeiros feudos. A sua palavra era lei, e os seus empregados que perjorativamente eram chamados de "capangas".

Foi em um lugar assim que a Sinhazinha apaixonou-se pelo peão, aqui na região chamados de vaqueiros. Numa das férias ela o conheceu na hora que ele estava fazendo a primeira refeição, ela veio tomar um copo de leite quente, aproveitando a oportunidade para saber as novidades com a empregada que a viu nascer. Ele estava lá, quase morrendo de vergonha, terminou a refeição e saiu; passou a fazê-la mais cedo para poder estar mais à vontade, ela continuou todos os dias tomando seu leite e pedindo informações dele à empregada: o nome; de que região tinha vindo; e soube assim tudo que queria a seu respeito.

Me pergunte o que ela viu nele? Eu não saberia responder. A distância da posição social e cultural entre eles era muito grande, só muito amor justificava tudo.

Ela voltou ao colégio, ele ficou mais tranquilo, agora ele podia fazer suas refeições mais à vontade, até que um dia foi pego de surpresa! Ela tinha voltado novamente de férias, essas mais prolongadas, eram férias de fim de ano. Ai o cerco aumentou, houve muitos encontros, sempre na cozinha "estratégia feminina", ela fez ele falar perguntando muito, dali até o fim das férias o gelo tinha quebrado. Sei que nas próximas férias eles fugiram.

Não é preciso dizer que foram perseguidos, pediram abrigo justamente na fazenda de um desafeto político; que não só os acolheu, como fizeram o casamento.

Eles ganharam acomodações melhores do que as casinhas dos outros moradores. Ela retribuiu se tornando amiga de todos, ensinando trabalhos manuais " Era no bordado que ela se sobresaía", entre muitas coisas, ensinou e praticou um pouco de puericultura, ensinou as crianças a ler e a rezar, só os mais velhos que ela não conseguiu ensinar, eles diziam: "Papagaio velho não aprende",
era o que eles pensavam na época.
De certa forma foi uma troca, elas as amigas, a ensinaram a cozinhar, criando um ambiente de muito carinho e respeito à seu redor.

Tiveram três filhos, dois meninos e a terceira foi uma menina, quinze dias após ela veio a falecer de parto.

Amor Perfeito
Esta é a história dos meus avós paternos!

Vovó Joaninha e do vovô João, até nos nomes eram iguais.

Ele criou os filhos ajudado pelas amigas que ela fez, não quis mais se casar,
foi fiel ao único amor da sua vida!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

"Deus tem caminhos por onde o homem não tem estradas." (Meimei)


Ter medo é o mesmo que dizer a Deus:

"Não creio em Ti Senhor".
E isso jamais o faremos.
(Reflexões da Alma)